Quase ninguém sabe, mas o terreno onde o pernambucano Gilberto Freyre residiu durante a maior parte de sua vida é considerado território português, pelo governo daquele país. Este é um dos destaques curiosos sobre o renomado sociólogo que Victor Villon desvenda, no seu livro “O mundo português que Gilberto Freyre criou - seguidos de diálogos com Nery da Fonseca” (Editora Usina de Letras), que ganha sessão especial na Tenda de Autógrafos da I Feira do Livro de Pernambuco, dia 15, às 16h30.
Nesta obra, o pesquisador e historiador investiga e procura demonstrar o papel central que Portugal ocupa na obra deste intérprete do Brasil, que marcou seu nome para a história do país com importantes registros da nossa cultura em Casa Grande Senzala, Sobrados e Mucambos, entre outras publicações.
A investigação parte da anedota sobre uma antiga igreja em Portugal, onde havia um antigo painel de azulejos do século XVIII. O local tinha que ser destruído em 1953 para a construção do aeroporto de Lisboa e, desta forma, o painel representando a vida de Nossa Senhora iria se perder. Após uma longa viagem pela lusofonia africana e indiana, Gilberto Freyre realizava algumas pesquisas em arquivos e bibliotecas e sensibilizou-se com a questão.
Então, resolveu adquirir o painel, que era uma antiguidade de tamanho valor artístico que não poderia deixar o país e vir para o Brasil. Para contorno o problema, Freyre pediu autorização ao Governo Português. Hoje, o painel é um dos importantes detalhes da arquitetura e da beleza do casarão, que hoje representa a Fundação Gilberto Freyre, no charmoso e conceituado bairro de Apipucos, na Zona Norte do Recife. Sua história e sua presença no espaço é um detalhe à mais e uma informação transmitida entre os membros da família e monitores da instituição para aqueles que visitam o local.
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