"Tudo é útil quando não é fútil a vida do tempo", Raimundo Gadelha
Quem sabe completamente da essencialidade e do sentido da vida? A busca dessa e de outras respostas é tema deste 'Vida útil do tempo', do poeta Raimundo Gadelha. "Um dia o Eu vai alcançá-lo (o sentido da vida). Enquanto isso, a busca continua, é dela que o Homem se alimenta". O autor autografa o livro no domingo, 14, às 10h, na Tenda de Autógrafos da Feira do Livro de Pernambuco.
No prefácio, Nelly Novaes Coelho trata 'Vida útil do tempo' como um "título ambíguo, que tanto sugere a utilidade do tempo vivido, quanto a validade da vida em sua duração temporal". Essa dualidade de sentidos faz desta uma obra ainda mais rica. Uma obra única em sua originalidade, tanto na essência das palavras como no material do livro, a começar pela capa: nenhuma é igual à outra, cada exemplar é único. Com acabamento artístico, utilizando-se de lona de caminhão usada como matéria-prima, percebe-se a alusão à viagem pelo tempo e pela existência do ser humano.
No interrogar sem limites, Raimundo Gadelha prossegue em busca do "novo rosto" do Homem, escondido no tempo passado e no tempo futuro, com sua poesia repleta de símbolos e metáforas existencialistas.
RESUMIDAS IMPRESSÕES: Vida Útil do Tempo, Raimundo Gadelha
ResponderExcluirPor Fernanda Matos
Vida Útil do Tempo:
Vida Útil, tudo - eu vivo.
Tempo inútil, as lamúrias – eu choro.
O tempo cura tudo – eu espero.
Simplesmente – eu imploro.
Amor e o tempo:
Edificante felicidade – eu busco.
Espelhos embaçados, a dor – eu tento ver.
Desenho da ausência – eu esboço.
Sem motivos e apesar dos sonhos – eu justifico.
Questão de tempo, vida cíclica – eu barganho.
Resíduos residenciais, creme ou amarelo? Frio – eu resto.
Posta restante, insistente humilhação – eu, a negação.
Dualidade, o bom e o ruim juntos – eu, a realidade.
A mulher do binóculo, não há nada perto – eu defendo.
Chamada não atendida, de madrugada – eu não atendo.
Tristura, triste feiúra – eu adentro a mistura e o mistério.
Cultivo, no barril de carvalho – eu me maturo presa ao tempo.
Mescla de Verde e Azul, entre o ver e o sentir – eu, a aceitação.
Fotos coloridas, fechadas velhas gavetas – eu entreabro gavetas vazias.
Pleno sentido – eu sorrio também.
Tempo e Memória:
Cigano vento, leva e traz – eu viajo.
No olhar do cavalo quase morto – eu sobrevivo.
Refração, o absoluto que nunca se repetirá – eu relativizo.
Luz e sombra, você me apagou – eu ilumino.
Exercício, a espera sem esforço – eu me esforço.
Asas da memória, antigas tristes histórias – eu as levo embora.
Soledade, do que não passou – eu, saudade.
Quintais, mães trabalham, pais não estão – eu estendo outras cobertas.
Trajetórias, linhas cruzadas – eu tenho as minhas.
Sumidouro, casa de espelhos, mansão do terror – eu me transformo.
Nau frágil, sentir – eu me fortaleço.
Estampa no não ter sido, nós fomos – eu estanco a ferida.
Instante, segredos do tempo – eu cicatrizo.
Efêmero, até mosca passa – eu passei.
Olhar, de pedra laminada ou sedimentada – eu marco o tempo.
Momento em lentes espelhadas, reflexos – eu embranqueço.
Átimo, átomo, parte do todo – eu atino.
Tempo, templo de saudade, passado – eu, presente.
Inserção, pulga de vira-lata – eu, universo.
O pensamento, o que pensar? – eu sinto.
Devaneio, passeio sem rumo – eu freio.
Palavras e Pigmentos, amor, adeus – eu amaldiçôo.
Suspeições, suspensões – eu peço altas.
Brinco, na orelha – eu escuto.
Cristal, frágil e colorido – eu cristalino.
Vida Útil do Tempo – eu temporizo.